Luciana Fátima captou com mão precisa o momento condizente ao estado de alma dos Românticos: o recolhimento forçado de uma doença de alta transmissibilidade e que nos lançou num mundo novo, porque desconhecido, propício à introspecção, ao ensimesmar-se e ao ponderar a vida. Representante máximo do byronismo em nosso país, da melancolia, do tédio e do desalento diante da modernidade que então feria seus sentimentos finos, Álvares de Azevedo também teria sabido apanhar a oportunidade que passasse por sua janela, trazendo para o papel e traduzindo com a tinta a atmosfera da sua São Paulo, enferma e lastimosa, desse conturbado e solitário século XXI. Que a leitura ligeira e prazerosa com que Luciana nos brinda traga a pausa da reflexão que é própria da literatura e convide à mesa, para a tão perfumada xícara de café, o reconfortante chá ou a taça inspiradora, os leitores de Manuel Antônio Álvares de Azevedo. Que o livro de Luciana ilumine com sua lâmpada sombria os caminhos que percorremos desde a morte do poeta, fazendo brilhar as letras de seus ensinamentos.
— Ana Beatriz Demarchi Barel —
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