Não é segredo para ninguém que o corpo feminino que não é moldado pela disciplina sofre reprovação social imensa. A questão não é beleza e elegância: é obediência. Um corpo flagrantemente feminino incomoda, incomoda muito. Porque é um protesto silencioso da Mãe que nunca se deixou sufocar. O corpo da mulher tem muita gordura e a gordura desespera, exaspera. É uma substância sem definição clara que não conhece limites. A gordura parece ter vontade própria, sempre faz tudo do jeito dela. Ela treme, chacoalha, balança e ri do nosso constante desejo de controlar tudo. O corpo sarado é ilusão de ordem. A flacidez é anarquia.
Mas as mulheres ocidentais passam fome voluntariamente e estão familiarizadas com a sensação física de estar definhando, vivendo, dia após dia, com menos do que o mínimo. Fazer regime significa comer menos. Comer menos significa perder peso. Perder peso significa diminuir as dimensões corpóreas. Diminuir as dimensões corpóreas é sumir. E sumir é o que nosso modelo de sociedade fez (e faz!) com tudo que não se relaciona com o masculino.
Bem estar e lazer