J.-K. Huysmans (1848-1907), com o romance Às avessas (À rebours, 1884), tornou-se o escritor máximo do decadentismo francês, o movimento de reação ao naturalismo e à sociedade tecnológica de massas que se anunciava no final do século XIX. Em seu romance posterior, Nas profundezas (Là-bas, 1891), que a Carambaia publica agora no Brasil em tradução inédita de Mauro Pinheiro, o escritor voltou-se para um assunto que desafiava a racionalidade científica e vinha despertando interesse entre alguns setores da sociedade francesa: o satanismo. “Que época estranha!”, observa um personagem. “Justamente no momento em que o positivismo atinge seu auge, o misticismo desperta e têm início as loucuras do oculto!”
A edição da Carambaia de Nas profundezas traz posfácio de Pedro Paulo Catharina, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e membro da Société Huysmans. O projeto gráfico de Lucas Blat faz alusão à missa satânica e à hóstia sagrada, costumeiramente dessacralizada nesse tipo de cerimônia.
Literatura Estrangeira / Ficção