Nas terras do rio sem dono

Nas Terras do Rio Sem Dono de Carlos Olavo Pereira da Cunha temos, em síntese, um dos depoimentos mais significativos sobre a luta, no Brasil, contra o latifúndio. É uma obra aparentemente de ficção, mas com um fundo histórico. Os acontecimentos dão-se nas margens do Vale do Rio Doce. Trata-se do conflito entre os fazendeiros e os camponeses que toma por vezes uma forma épica, constituindo uma epopeia dos sertões. Vê-se um universo quase desconhecido u ó revelado por Carlos Olavo em que a luta pela terra se manifesta de várias maneiras. Não faltam o jornal, as tocaias, a tortura, a queimada, os choques, a violência, as prisões e os julgamentos. Nas Terras do Rio sem Dono é um livro bastante esclarecedor, escrito com espontaneidade, firmeza, de modo agradável, num estilo correntio, correto e brilhante. Depois é um livro vivo que o seu autor teve um importante papel. A resultante da luta de Carlos Olavo em prol da reforma agrária, enfrentando as milicias dos fazendeiros, o terror das classes possuidoras, foram os exílios, os longos anos passados na Bolívia e no Uruguai. A atuação de Carlos Olavo no conflito com os fazendeiros mereceu a solidariedade de Francisco Julião, quando ainda se achava à frente das Liga dos Camponeses e de Oswaldo Lima Filho, ministro da agricultura de João Goulart que daria inicio ao plano piloto da Reforma agrária no Vale do Rio Doce.
Tudo o que se passou nesta região, salientando os heróis sertanejos, não poderia ficar no esquecimento. Deveria ser contado. E assim o fez Carlos Olavo com a sua combatividade política, a sua lucidez ideológica, o seu estilo claro e comunicativo. Fez com que permanecesse na história uma luta sem precedentes em Minas Gerias que se torna imprescindível aos estudiosos da Reforma Agrária.

Romance