O inconformismo e a imaginação à serviço da mudança das instituições e da sociedade, de uma democracia radical. Em Necessidades Falsas, Roberto Mangabeira Unger crítica o fetichismo das análises imobilistas e defende a coragem de imaginar um projeto de sociedade diferente.
Apesar de escrito originalmente como um ensaio introdutório para o livro em inglês de mesmo nome (False Necessity, editado pela Cambridge University Press, em 1987, e pela Versus, em 2001), é um trabalho que seu autor considera ser extremamente brasileiro, ao tentar projetar uma imaginação institucional cuja maior inspiração são os desafios do país. Não podemos repensar o Brasil pensando só a respeito do Brasil, escreve Mangabeira em uma apresentação inédita para a edição brasileira.
O autor coloca suas ideias como um enfrentamento contra o que vê como dois fatalismos que de certa forma fazem coro: um, derivado da teoria social clássica europeia, seria o do marxismo escolhido, cujo fascínio pelos supostos constrangimentos estruturais sobrevive à confiança na libertação futura. O outro é a prática das ciências sociais positivas, tal como cultivadas nas universidades dos Estados Unidos e de lá exportadas para o resto do mundo. Nesse país, as instituições e os dogmas do momento ganham cores de naturalidade. Para o autor, estes determinismos sociais imaginários, tanto à esquerda quanto à direita, paralisam e reduzem as possibilidades de uma urgente ação transformadora.
Sociologia