Bodhidharma ensinou em Shaolin a Doutrina dos Dois Caminhos, o Caminho da Liberação e o da Renunciação; o Caminho da Mente e o Caminho do Coração. Esta doutrina implica a existência de dois tipos de guerreiros: os que lutam por sua liberação, e os que lutam pela liberação da humanidade em conjunto. Qual é o melhor dos caminhos? Bodhidharma ensinou que ambos conduzem ao mesmo fim; no entanto, o maior é o da Renunciação ou do Coração.
Isto nos assinala que as Artes Marciais foram difundidas com um objetivo fundamental: o de ajudar à humanidade para ensinar-lhe a percorrer o caminho da Sabedoria. E os Grandes Mestres, juntamente a seus discípulos, não descansarão até que a humanidade entre no “Nirvana”, doutrina que Bodhidharma aprendeu como discípulo de Buda. Todas as Escolas de Artes Marciais que trabalham por este Ideal estão indissoluvelmente unidas por um plano universal comum e denominado nas Escolas Tibetanas (traduzido em termos ocidentais), o Todo-Uno, o Absoluto.
Este Ideal pressupõe uma despersonificação paulatina e sistemática do guerreiro para produzir uma identificação ou um princípio de identidade com o Todo de maneira simultânea. Nisto estaria contido o segredo do maior poder das Artes Marciais e, neste ponto, o guerreiro personificaria todas as potências cósmicas e terrestres.
Tal guerreiro seria o protótipo para todos os demais, o herói, que se define como aquele que primeiro escuta a Voz do Nada ou do Silêncio, e que primeiro a obedece; este feito magnífico transforma-o, então, em um protetor da Humanidade.