O quanto o arrependimento por erros do passado pode modificar uma pessoa e as reações de quem descobre que sua vida foi baseada na invenção de outros. Essas são algumas das reflexões contidas em Nem eu, o romance de Michael Lavigne que conta a história de dois homens que buscam no presente a redenção pelo passado de um deles. Quando o protagonista Michael recebe do pai idoso os 24 volumes de seus diários, confessa não ter o menor interesse em saber quem era o próprio pai. O choque vem com a leitura dos cadernos e a descoberta de que o velho defensor de direitos humanos antes de adotar a identidade de um judeu no fim da Segunda Guerra Mundial tinha sido militar na Alemanha nazista.
Enquanto Michael sofre com o fim de seu casamento e tenta solidificar os laços com seu próprio filho, o pai, Heshel Rosenhein, conhecido como um dos fundadores do Estado de Israel, decide lhe revelar o passado ao sentir que sua vida está acabando. Michael oscila entre o pavor e a revolta, tentando compreender por que o pai assumiu uma nova identidade e recriou-se como pessoa. A autotransformação é tão intensa que o ex-militar nazista se arrepende sinceramente dos crimes cometidos e se torna um judeu piedoso.