O “Ceará” do título desse livro, inspirado numa canção de Guio de Morais interpretada por Luiz Gonzaga, é uma metonímia do Nordeste. O que tem ou não tem no Ceará-metonímia é uma indagação sobre os estereótipos que pautaram a construção da identidade nordestina. Atravessado por um conservadorismo machista ainda bastante forte em vários estados brasileiros e lutando para atingir um desejável cosmopolitismo, moderno e conectado, o “Nordeste” é uma construção em crise.
Como música característica do Nordeste, o forró processa ideias contraditórias e polêmicas sobre a região que, escondidas sobre a oposição entre “pé de serra” e “eletrônico”, deslocam continuamente os estereótipos de nordestinidade. Terra de machos valentes e viris, o Nordeste do forró atual revela um mundo diversificado e cheio de conflitos, que se condensa em suas sonoridades e nas festas, com alegria e safadeza.
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