Noite - Sonata

Noite - Sonata Erico Verissimo


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Noite - Sonata





[NOITE] Na grande cidade, um homem a quem o autor chama de Desconhecido, vagueia ao acaso envolto pela multidão apressada. Anoitece e a hora é de um calor sufocante. Ele não sabe quem é, onde vive, o que lhe sucedeu. Pode apenas sentir, e seu corpo lhe diz que está amedrontado. Em sua mente há uma tênue figura de mulher e o reflexo insistente de um fato terrível, mas nada mais consegue lembrar.

Um dúbio sentimento de culpa o atormenta, impelindo-o à fuga, sem que possa refrear-se. De súbito está na zona do cais, num café de baixa categoria, e duas criaturas equivocadas o assediam. Parecem adivinhar nele um irmão, insinuam mesmo que é o assassino procurado pela morte de uma mulher naquela tarde. Um estranho fascínio o domina e ele se deixa arrastar noite a fora, aos lugares mais sórdidos, sem reagir. Pois não é ele um digno companheiro dos escusos hábitos noturnos dos dois, um assassino desmemoriado?

A resposta a esse mistério e a busca da identidade perdida constituem o interesse principal dessa sombria narrativa de Erico Verissimo, em que os personagens e a trama ultrapassam a mera dimensão da realidade e adquirem um sentido alegórico, em que podem representar a eterna luta das trevas e da luz. Não se afastando do realismo social de seus outros romances urbanos, o consagrado escritor gaúcho aqui o aborda de uma perspectiva diversa, através de um clima de pesadelo que distorce as proporções dos seres e coisas cotidianas, acentuando-lhes os contrastes e com isso atingindo mais eficazmente o seu cerne.

Escrito no verão de 1952, na praia de Torres, quando seu autor tentava concluir a terceira parte da trilogia O Tempo e o Vento, este livro teve uma história conturbada. Pela franqueza com que desvendava a "noite" de um homem, alguns setores do público o consideram uma aberta ofensa à moral vigente, colocando-o no ostracismo. A crítica, por sua vez, insistia em ilações psicológicas, que nada tinham a ver com a personalidade do escritor. Hoje, traduzido para várias línguas, entre elas o francês, o espanhol, o alemão, o norueguês e o inglês, foi inclusive filmado para televisão, tanto nos Estados Unidos como no Brasil, tendo sido visto como uma das melhores criações de Erico Verissimo.

[SONATA] — "uma fantasia poética em torno de uma viagem no Tempo, versão modificada dum roteiro cinematográfico nunca aproveitado "que escrevi há anos para uma fábrica de filmes mais fantástica ainda que meu conto". Prólogo de Érico Veríssimo, 'O Ataque' - Coleção Catavento #1 / Editora Globo de Porto Alegre, 1958.
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http://educa-tube.blogspot.com/2012/10/sonata-de-erico-verissimo-musica.html
https://cinema.uol.com.br/resenha/teste/2000/brava-gente---romance.jhtm
"Sonata", baseado em Erico Veríssimo - Uma história no estilo "O Retrato de Jennie", em que um professor de piano (Ângelo Antonio) se apaixona por uma jovem (Mariana Ximenes) que viveu em algum lugar do passado. E para quem compôs a sonata. O mais romântico do pacote. Com bom elenco: Susana Vieira, Daniela Escobar, Tato Gabus, Nair Bello, Bettina Viany, Elias Gleizer. Direção de Jayme Monjardim, Teresa Lampreia.
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http://institutohorizontebrasil.blogspot.com/2011/12/erico-verissimo-sonata.html
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"No texto do conto fantástico "Sonata" de Érico Veríssimo, a Seção de Referência e Peródicos da Biblioteca Pública do Estado é cenario da ação do conto, (em Porto Alegre de Abril de 1940 e no ano do nascimento do protagonista, 1912). Também se comenta o papel "confuciano" do guia e funcionário da Biblioteca!
SONATA de Érico Veríssimo (1944 / 1954?):
'(...) Percebi então que estava à frente do edifício da Biblioteca Pública. O casarão pardo e severo tinha um ar tão convidativo e protetor que, sem saber exatamente por que, resolvi entrar. Atravessei o saguão de mármore, penetrei na sala de leitura e aproximei-me do funcionário a quem hoje chamo Confúcio por motivos que em breve ficarão suficientemente claros. Éramos já velhos conhecidos, pois eu costumava ir com alguma freqüência à Biblioteca. O homem ergueu os olhos e perguntou: "Que deseja o amigo?
(...)
O funcionário afastou-se, tornou pouco depois com dois grandes volumes encadernados debaixo do braço e depô-los sobre a mesa junto da qual eu me sentara. Comecei a folhear distraidamente os jornais, achando um sabor nostálgico nos anúncios de cinema e teatro, nas notícias da coluna social e principalmente nas apagadas reproduções de fotografias em que homens e mulheres apareciam com as roupas da época.
(...)
— E por que não? O funcionário soltou uma risada, mas em surdina, como convinha ao lugar e à hora. Apanhei o chapéu e saí.
(...)"

Ficção / Literatura Brasileira / Romance

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