Nota de Corte

Nota de Corte Marucío Possa Lopes

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Nota de Corte





Nota de Corte, o romance de estréia do autor belorizontino Maurício Possa Lopes, relata a decadência moral da típica família classe-média alta das grandes cidades, na figura de Marla, personagem principal. Ela, uma adolescente no último ano do ensino médio, despida de sonhos práticos, não sabe o que fazer do seu futuro e debate-se entre "amores impossíveis" e notas de corte de vestibulares. O problema se instaura em sua vida porque ela, apesar desse embate, mantém ainda sonhos idílicos, tem esperanças, e é do atrito entre suas esperanças desarrazoadas e a realidade mesquinha que surge, finalmente, a atitude despropositada no final do livro. A personagem não é indiferente, ao contrário, ela sente demais. Ela é viva e, por motivos explicitados no correr do texto, sente a realidade a sua volta meio morta. Marla quer viver e não pode. A medida que o livro avança, percebemos o porque dela não conseguir isso.



Apesar de não estar claramente indicado, o livro passa-se em Belo Horizonte (com exceção do capítulo inicial e outros dois, que passam-se numa cidade do interior de Minas Gerais) e abundam nele descrições de lugares famosos da capital mineira. A personagem está sempre passando pela Savassi, na praça da liberdade, na rua espírito santo, na avenida João Pinheiro, numa boate chamada Matriz, entre outros lugares, fazendo com que o leitor belohorizontino (e até mesmo mineiros de outras cidades) sintam-se em casa ao lê-lo, talvez imaginando que Marla seja, quem sabe, uma antiga amiga de farras.Falei em antiga porque, segundo seu autor, apesar do livro ser publicado agora, foi escrito em 2004 (depois de revisado inúmeras vezes) e, para os mais atentos que por ventura queiram bisbilhotar calendários antigos, conferindo datas indicadas pela personagem no correr do livro, ficará fácil descobrir que a história do livro se passa em 2002.



Com personagens bens construídos, bastante verossímeis, chegamos até a esquecer que isso é um livro e tendemos a imaginá-lo como um tipo de diário memorialista.

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Paulo Honório
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16/10/2009 19:34:20

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