É este o tempo exato em que a vida que conhecemos se sobrepõe a novas promessas. É este o tempo do dedo no gatilho, o tempo de eclodir o ovo, o exato segundo em que a serpente chega ao ninho, tempo em que o sol aparece com seu humor, para depois escorregar por detrás de frias nuvens. Num segundo – ou dois – a paixão acontece, o ódio desperta, momento de se levantar, momento da queda.
Síntese, ágil linguagem do nosso tempo, marca a escolha do autor: ele sabe que nada espera, que a vida tem pressa, e neste acontecer tão rápido se decompõe em múltiplas histórias a ser contadas; e se hoje chutamos pedrinhas na rua, barquinhos de papel na correnteza da calçada, cem anos depois buscamos um resto de história nos porta-retratos.
Júlio Damásio domina esta espiral que se renova indefinidamente. Suas histórias são impressões do viver e do não-viver; lembranças sopradas em conchas; exercício de memória eterna e afetiva, que vai e que volta.
[POSFÁCIO]: Adriana Aneli
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