Uma envolvente história de suspense. O romance-denúncia sobre a decadência do ensino universitário no Brasil.
Quando os tiros começaram, Adriana já estava descendo o Morro do Borel. O ruído seco e intermitente era inconfundível. Fuzis AR-15, AK-47, Sig Sauer. Com munição capaz de atravessar os carros blindados dos figurões da sociedade carioca, pseudo-protegidos em sua arrogância metálica com pneus firestone e vidros duplos. Os mesmos que financiavam os traficantes por um pouco de brilho na noite de Ipanema. Que entupiam as narinas de pó e fumavam a própria dignidade em busca de uma dose violenta de qualquer coisa. Que avançavam sinais e furavam filas. Que davam esmola na rua e perdiam a carteira para o pivete de bicicleta. Que tinham medo da empregada favelada ou do filho do porteiro brincando com sua prole dourada nos jardins de condomínios fechados, entre baulaústres e preconceitos. A cidade partida. O Rio de Janeiro dos estereótipos confirmados pelo noticiário policial, e entorpecido com um poema de Allen Ginsberg.