Ambientado na Florença do século XVI, O arminho dorme, novo título de Edições SM, recria a atmosfera renascentista e compõe um retrato detalhado da poderosa família Medici, feito por meio dos olhos da jovem Bianca, filha bastarda do grão-duque da Toscana, Cosimo I. Indicado para leitores críticos (acima de 14 anos), foi eleito um dos dez melhores livros juvenis do mundo pelo Banco do Livro da Venezuela, recebeu o prêmio Raíña Lupa e entrou para a lista White Ravens da Biblioteca de Munique. A tradução é de Nilma Lacerda, escritora e especialista em leitura e literatura infantil e juvenil.
Em uma mistura de figuras históricas e personagens fictícios, acompanhamos Bianca no dia-a-dia do palácio, estabelecendo uma relação próxima tanto das ambiciosas lutas pelo poder político quanto com algumas das maiores obras de arte da história ocidental, patrocinadas pela riqueza dos Medici. O tom solene e crítico da narrativa, o discurso agudo, refinado e lírico de Bianca, os diálogos populares, os poemas de época propiciam um enredo histórico de inúmeras nuances e onde se percebe que o sentido de existir está em atar a ponta da morte à ponta da vida.
A menina, assim como seu animal de estimação, um arminho que vivia enjaulado (animais “encantadores como uma frágil donzela, ferozes e afoitos como o pior dos animais, sanguinários com suas pobres presas”, na descrição de sua dona), era “prisioneira” de sua posição social, controlada por regras rígidas e pela vontade do pai. Apaixonada por Giullio Camollia, rapaz que integra a resistência de Siena na luta contra o domínio de Florença, Bianca terá que enfrentar um casamento por conveniência.
E além das intrigas palacianas, há espaço para reveladoras conversas com Agnolo Bronzino, pintor da corte, a escutar – durante o confuso carnaval florentino – algumas verdades ditas livremente pelo povo sobre o pai e a vislumbrar o seu trágico destino nas cartas da bruxa Maffei. Tudo isso em uma contextualização histórica que recria a atmosfera política do berço do Renascimento e proporciona uma oportunidade de reflexão sobre a busca da identidade em um mundo repleto de referências culturais as mais diversas.
Sobre o autor - Xosé A. Neira Cruz nasceu em 1968 em Santiago de Compostela. É doutor em Ciências da Comunicação e Filologia Italiana, professor da faculdade de Ciências da Comunicação da Universidade de Santiago de Compostela (Espanha) e jornalista fundador da revista galega Fadamorgana, especializada em literatura infantil e juvenil. É considerado um dos maiores escritores para crianças e jovens em língua galega. Entre os diversos prêmios que recebeu, estão Barco a Vapor (1997 e 1999), Merlin (1988 e 2000) e Lazarillo (2004).
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