Em 'O autómato', Alberto Moravia compõe uma série de quarenta contos curtos. Contudo, embora as personagens e os ambientes variem, verifica-se uma problemática comum a todos eles. Quase sempre há um homem e uma mulher que dialogam, que questionam, que averiguam, se devem ou não viver em comum e porque deverão ou não viver em comum.
Ideias de separação, de não-afinidade, de desconhecimento total entre os dois elementos de uma vida amorosa, ocorrem dezenas de vezes. Perante tal problemática, é o diálogo que vem a constituir tal riqueza. Estranho, invulgar, anormal, carregado de significado, acaba por se nos impor verosímil e faz de nós próprios um dos dialogantes. E é aqui que Moravia nos choca e nos confunde, provocando pela sua obra uma admiração intraduzível.
Contos / Literatura Estrangeira