O brinquedo raivoso

O brinquedo raivoso Roberto Arlt


Compartilhe


O brinquedo raivoso





Quando o jovem Roberto Arlt (1900-1942) estava escrevendo este que seria seu romance de estreia, planejou chamá-lo de A vida porca. O título provocativo deu lugar a outro mais sugestivo, quase infantil, que o tornaria célebre: O brinquedo raivoso (1926).

Ambos os títulos dizem muito sobre como se pode ler este romance: o relato autobiográfico de Sílvio Astier, rememorando a própria adolescência com seus rituais de iniciação e suas escolhas, a falsificação da figurinha mais difícil do álbum, a necessidade de procurar o primeiro emprego e a formação da sociedade criminosa — que se sustenta à base de pequenos furtos e gigantescos projetos nunca realizados.

Entre desejo e necessidade, Sílvio caminha com a cesta de compras para ajudar o patrão, cuja loja depois tentará incendiar: “E eu era aquele que havia sonhado em ser um bandido grande como Rocambole e um poeta genial como Baudelaire!”.

Para o leitor brasileiro de hoje, o livro traz também a possibilidade de revisitar a Buenos Aires dos anos 1910, que surge em cores extravagantes, através da imaginação delirante do protagonista, alimentada pelos folhetins de aventuras, pela imagem da diva do cinema italiano Lyda Borelli e por cada promessa de aventura que parece encerrar uma nova invenção ou projeto criminoso. Essa Buenos Aires feérica faz lembrar certa São Paulo do modernismo brasileiro, aquela de linguagem oral viva — de Alcântara Machado e Oswald de Andrade —, mas já plena de uma sujeira que, em nossas letras, teria de esperar até os passeios de Roberto Piva pelo centro, nos poemas de sua Paranoia (1963). O narrador de Roberto Arlt nos mostra que entre a porcaria dessa vida e a violência do brinquedo novo e incompreensível, caberá ao jovem protagonista fazer uma escolha que, como cicatriz, carregará por toda a vida.

Wilson Alves-Bezerra

Ficção / Literatura Estrangeira / Romance

Edições (1)

ver mais
O brinquedo raivoso

Similares


Resenhas para O brinquedo raivoso (0)

ver mais
ÓTIMO (retrato expressionista de um delinquente argentino quando jovem)
on 26/11/20


Contemporâneo de nomes de peso como Jorge Luis Borges e Ricardo Guiraldes, o escritor, dramaturgo e jornalista Roberto Arlt (1900-1942) viveu pouco mas deixou uma obra marcante na literatura argentina. Da qual faz parte O Brinquedo Raivoso (1926), considerado por especialistas um romance de formação, da mesma forma que O Jovem Törless (Robert Musil), David Copperfield (Charles Dickens), O Apanhador no Campo de Centeio (J. D. Salinger), Retrato do Artista Quando Jovem (James Joyce) etc... leia mais

Estatísticas

Desejam12
Trocam1
Avaliações 3.7 / 14
5
ranking 14
14%
4
ranking 57
57%
3
ranking 21
21%
2
ranking 7
7%
1
ranking 0
0%

55%

45%

Marcos
cadastrou em:
14/10/2013 17:21:32
Jenifer
editou em:
06/02/2020 20:08:21

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR