Tomando por base a oralidade da narrativa, presente o tempo todo na manifestação cultural amazônica, Benedicto Monteiro agrega ao real o imaginário com tal intensidade que a crença se torna concreta e palpável. No conjunto de contos que constituiu O Carro dos Milagres, o retrato de uma realidade se agrega a perfis psicológicos perfeitos. Mesmo quando se trata de assunto tipicamente urbano, como no conto "O Sinal", Benedicto Monteiro mantém um teor narrativo de intensidade íntima mesclado à visão de realidade presente - a imaginação voa com os pés no chão, a realidade tornada referencial do pensamento.