Não se poderia esperar da mesma criatividade delirante de Tibor Fisher. Em seu terceiro romance, o narrador é um vaso de cerâmica, dado a metamorfoses, conhecedor de 5 mil idiomas, verdadeira enciclopédia de dados úteis e inúteis. O vaso, que já aliviou micções noturnas e foi repositório de restos mortais, que passou pelas mãos de charlatões e aventureiros, está convivendo com Rosa, uma perita que divide sua infelicidade amorosa e sua falta de paz doméstica com Nikki, uma hedonista viciada. Dos diálogos mentais de Rosa e do vaso, bem como das muitas histórias que ambos têm para contar, Tibor Fisher construiu um universo com toques rebelaisianos, em que a linguagem admiravelmente inventiva é apenas um dos passaportes para o leitor embarcar numa experiência fantástica o suficiente para propor como premissa um vaso que pensa e fala.