Publicada em 1615, uma década depois do primeiro livro e menos de um ano antes da morte de Cervantes, esta segunda parte do D. Quixote, muito mais do que uma simples continuação da primeira, representa o aprofundamento e a realização plena da obra máxima do escritor espanhol.
Se o primeiro livro imortalizou as loucuras do cavaleiro e as graças de seu fiel escudeiro, este segundo volume elevou a obra a um nível poucas vezes alcançado nos quatro séculos decorridos desde sua criação. Subvertendo aspectos fundamentais da criação artística - a começar pelas noções de autor e narrador - com uma liberdade e capacidade de invenção espantosas, Cervantes produziu um marco que redefiniria toda a literatura ocidental posterior, influenciando escritores como Laurence Sterne, Gustave Flaubert, Franz Kafka, James Joyce, William Faulkner e, para ficar só com um brasileiro, Machado de Assis.
Além da rigorosa tradução e das notas de Sérgio Molina, este segundo volume, publicado com o apoio do Ministério da Cultura da Espanha, inclui o texto original em castelhano, as gravuras de Gustave Doré e apresentação de Maria Augusta da Costa Vieira, uma das principais cervantistas brasileiras.
Sobre o tradutor
Sérgio Molina nasceu em Buenos Aires em 1964 e mudou-se para o Brasil aos dez anos de idade. Estudou Ciências Sociais, Letras, Editoração e Jornalismo na USP. Começou a traduzir do espanhol em 1986 e verteu para o português mais de sessenta livros, de autores como Alejo Carpentier, Jorge Luis Borges, Ricardo Piglia, Roberto Arlt, Mario Vargas Llosa, Tomás Eloy Martínez, Ernesto Sabato, César Aira e Javier Cercas. Sua tradução para a primeira parte de D. Quixote foi premiada na 46º edição do Prêmio Jabuti (2004).
Sobre o ilustrador
Pintor, gravador, escultor e desenhista, Gustave Doré nasceu em Estrasburgo, na França, em 1833. Em 1847 muda-se com o pai para Paris, e nesse mesmo ano, ainda adolescente, publica seu primeiro álbum, Os trabalhos de Hércules, precursor das histórias em quadrinhos. Jovem prodígio, dedica-se então a ilustrar os clássicos da literatura, como Gargântua e Pantagruel de Rabelais (1854), A Divina Comédia de Dante (1857), A tempestade de Shakespeare (1860), Contos de Perrault (1862), D. Quixote de Cervantes (1863), Paraíso perdido de Milton (1866), O conto do velho marinheiro de Coleridge (1870) e Orlando furioso de Ariosto (1877), criando, com o auxílio de uma bem treinada equipe de gravadores, imagens que se tornaram emblemáticas dessas obras. Consagrado como um dos maiores ilustradores do século XIX, Gustave Doré morreu em Paris, em 1883.
Ficção / Literatura Estrangeira / Romance