Nos contos reunidos em "O enterro da cafetina", o leitor vai se deparar com uma surpreendente galeria de tipos urbanos da noite paulistana, com seus mistérios e misérias. O leitor encontrará tipos como boêmios, garotas de programa, gigolôs, guerrilheiros urbanos (o livro foi escrito nos dias da ditadura militar), dançarinas de cabarés, taxi girls, alcoólatras, que começam a sair das tocas à noite, como ratos famintos, em busca de aventuras, de divertimento, de um trouxa, de um trocado, de uma garrafa de álcool, ou do simples e exato exercício de suas profissões. O que contam essas histórias? Coisas terríveis que acontecem na noite, mas também casos surpreendentes, quase patéticos, insuspeitas generosidades. Noitadas de amigos, regadas a muito álcool, que terminam de forma trágica; o gigolô bem-sucedido, homem de muitas mulheres, apaixonado por uma moça de família, a quem auxilia financeiramente; a morte e o enterro retumbante da velha cafetina; jogos de sedução em que cada um procura lograr o outro; a ação de guerrilheiros mais ou menos trapalhões; um caso de ciúmes neurótico; o redator alcoólatra lutando pela sobrevivência. são homens e mulheres que param nos bares, restaurantes, inferninhos, cabarés, boates e em certas casas onde tudo se tolera", por vocação ou erro de educação, dor-de-cotovelo ou outra dor qualquer, vagabundagem.
O livro traz 7 contos. São eles: "O enterro da cafetina", "Mon Gigolo", "O guerrilheiro", "Traje de rigor", "Sonata ao luar", "O casarão amarelo" e "Noites de pêndulo".
Em "O enterro da cafetina" lemos a trajetória de madame Beth, uma judia polonesa que fez de seu Palácio de Cristal um dos mais sofisticados redutos do prazer da alta sociedade paulista da década de 20. O leitor acompanha a história através do depoimento de um publicitário que, de cliente, se tornara seu amigo fiel. Tão fiel, que se recusa a abandoná-la mesmo (ou principalmente) depois de vê-la na mais franca decadência. O carinho que o rapaz nutre pela simpática Betina o leva a transformar sua morte trágica em um megaevento, com direito a convidados ilustres (e outros nem tanto), comida e bebida a rodo e ampla cobertura da imprensa.
Em "Mon Gigolo" lemos as agruras de Mariano, que depois viraria o protagonista de "Memórias de um gigolô", livro do mesmo autor publicado no ano seguinte do conto (1968).
Em "O guerrilheiro" lemos sobre revolucionários de mesa de bar que planejam dar fim ao capitalismo executando os ricos à base de coquetéis Molotov.
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