O Feijão e o Sonho

A Companhia Editora Americana apresenta, com este volume, a 14ª edição de O FEIJÃO E O SONHO. "Um livro já clássico", disse o professor Edgard Papu, da Universidade de Bucareste, ao prefaciar a tradução romena feita por N. Filipovicci, um desses "sholars" para quem o português e o sueco, o inglês e o russo, dezesseis línguas ao todo, não tinham mistério. "É um belo livro, um escritor notabilíssimo. O seu poeta pertence às criações literárias que não se esquecem", disse Ferreira de Castro.
Lançado em 1938 pela Companhia Brasil Editora, "O Feijão e o Sonho" teve um acolhimento vitorioso, desde a primeira hora. Conquistou, de imediato, a consagração do prêmio Antônio de Alcântara Machado e as memoráveis palavras de Cândido Mota Filho, que saudou em nome da Academia Paulista de Letras. As reedições vêm sucedendo regularmente, uma delas de 40.000 exemplares. Penetrou em todas as camadas sociais. É lido no Brasil inteiro. Tem tido inúmeras adaptações para o rádio e para a televisão (uma delas de Dias Gomes, o teatrólogo de "O Pagador de Promessas"). E mais de um diretor de cinema tem pensado em transplantar para a tela a história de Campos Lara e Maria Rosa, contada cm ironia e ternura pelo autor de "Balbino, Homem do Mar" e de "9 Mulheres".
"O Feijão e o Sonho" é a evocação de um poeta perdido no seu mundo de sonho, alheio às amarguras, decepções e exigências do cotidiano, em contraste com o realismo sofredor de Maria Rosa, que a princípio parece apenas incompreensão e materialismo, "um Sancho Pança de saias", mas é, no fundo, uma "incomparável lidadora", figura admirável de mulher e de mãe que se ver obrigada a enfrentar sozinha os problemas do dia a dia caseiro.
Apurado estilisticamente de edição para edição, "O Feijão e o Sonho" é, de há muito, adotado em ginásios e colégios como texto de leitura e debate entre estudantes. O autor foi surpreendido, há dois ou três anos, pelo trabalho de um grupo de alunos do Ginásio Estadual Pedro Álvares Cabral, na Guanabara, em que eles demonstravam uma comovente compreensão da sua fábula, para usar a expressão de Mario da Silva Brito. Porque a fuga para o sonho, ou a necessidade do refúgio no sonho, mas ajustado aos problemas do tempo e do meio, é imperativo a que não nos podemos negar, não importa quais os sacrifícios impostos pela vida.
A verdade é que o duro dilema e a procura de uma solução que "O Feijão e o Sonho" põe diante do leitor na história de Campos Lara, de Maria Rosa e do filho poeta que surpreende, no fim, "voltado para os problemas que eram a angústia da sua geração", é de uma profunda humanidade. Em todos os campos da experiência humana. É o título do livro, que a princípio tanto chocou os leitores pela agressiva associação de idéias tão contraditórias, ganhou com o tempo uma força de símbolo também. Falando de um profissional de futebol atormentado (às vezes acontece) não encontrava a remuneração de que precisava para o sustento dos seus, um jornal especializado dizia "entre o feijão e o sonho". E lamentava sua decisão: estava resolvido a abandonar o esporte...
"O Feijão e o Sonho" não é apenas o drama dos intelectuais e dos artistas numa sociedade materialista. É a história dos que não abandonam o futebol, mesmo quando o futebol não compensa.

Literatura Brasileira / Romance / Infantojuvenil