Uma das histórias de As mil e uma noites fala de dois homens que disputavam a posse de uma certa bolsa. E tanto brigaram que foram parar diante de um juiz. O juiz ordenou que cada um dissesse o que havia dentro da bolsa. Quem acertasse ganharia a causa. E os dois litigantes se puseram a enumerar o conteúdo da bolsa, cada qual querendo impressionar mais o juiz. Um falou em caravanas inteiras, tendas, vinhedos... O outro, em rebanhos, aldeias, homens e bichos e outras coisas mais. Bolsa bem mágica aquela!... Tudo mentira!
O guarda-chuva multicolorido, grande e molhado da professora, encostado num canto da sala de aula, é muito melhor do que a tal bolsa.
Melhor porque, maior por dentro do que por fora, e porque nele cabem muito mais coisas e coisas muito mais bonitas. E ainda mais mágicas, porque não são fruto da mentira e sim da imaginação, da alegria e da ternura.
E tão bem contadas na linguagem breve, leve e poética de Januária Cristina Alves. E igualmente bem "materializadas" nas ilustrações "espaçosas" e eufóricas de César Landucci, multicoloridas como o próprio guarda-chuva da professora, sob o qual "cabem as histórias verdadeiras e as inventadas, as que têm letras e as que não têm... e o mundo inteiro, ida e volta!".
Tatiana Belinky
Infantojuvenil