Um psiquiatra competente lança-se à procura de algo para preencher a lacuna deixada pela sua desconcertante descoberta: Freud, de quem conserva na sala uma fotografia emoldurada, está falido. Aconrado seguramente num casamento feliz, com uma esposa maravilhosa e dois filhos saudáveis, o Dr. Luke Rhinehart procura encontrar um sentido para sua vida, cortando as águas profundas das religiões orientais, para aportar finalmente numa teoria que ele não hesita em transformar em doutra. A teoria é a fragmentação da personalidade; a doutrina é o jogo, o acaso; seus objetos de culto, um par de dados. E o sumo sacerdote Luke Rhinehart lança-se em um apostolado, conseguindo aos poucos destruir qualquer vestígio de normalidade em sua vida e na dos que o rodeiam. Seu vizinho de moradia e consultório, sua enfermeira, seus pacientes, sua mulher e seus filhos, todos se vêem de repente às voltas com um homem obcecado em encontrar sua sanidade na anarquia.
E a princípio nos parece que ele está certo; talvez a solução seja mesmo essa - se os valores estão falidos, vamos destruí-los para erigir outros. Mas não se pode brincar impunemente com o imprevisto, assim como não se pode estirpar de uma personalidade toda uma série de experiências, condicionamentos e princípios morais. E o Dr. Luke Rhinehart, psiquiatra em Nova York, vê-se devorado pelo caos que sua cruzada instaurou; e, contemplando sua obra, só lhe resta perguntar: e agora?
O autor nos expõe uma série de situações divertidas, equívocos engraçadíssimos e ocorrências que beiram a chamada comédia de pastelão; e como, desvario embora, nosso herói tem lá sua lógica, "O Homem dos Dados" resulta num livro que, divertindo, deixa-nos algo em que pensar. Inclusive nos deixa a pergunta: não terá Luke Rhinehart nos oferecido, a seu modo, um verdadeiro estudo de psicopatologia humana?