O homem rouco é talvez um dos livros que melhor sintetizam o modo incomparável de Rubem Braga ver, perceber e narrar o mundo ao seu redor. Em algumas das crônicas presentes neste livro, saltam aos olhos as reflexões do cronista sobre seu ofício. Repontam aqui e ali os desafios diários daqueles que se dedicam a preencher as páginas com palavras, num mundo em que parece tanto faltar capacidade para dialogar.
Dentre as crônicas deste livro, destacam-se aquelas em que se pode apreciar a visão terna do cronista sobre os animais, como Biribuva, Histórias de Zig e Do temperamento dos canários. Também são pontos altos do livro as crônicas mais intimistas do autor, nas quais ele tece reflexões existenciais de seu modo peculiar a partir de um fato do cotidiano, como é o caso dos textos Lembrança de um braço direito e A visita do casal.
Com seu espírito livre e independente, Rubem naturalmente capta vestígios de vida onde ela se mostra à primeira vista rara, incendeia com seu humor sarcástico cenas e situações que parecem apenas tristes aos mais desatentos, revela com seu jeito surpreendentemente simples a complexidade da existência humana.
Crônicas / Literatura Brasileira