" (...) Sou monolingue. O meu monolinguismo demora-se e eu chamo-lhe a minha morada, e sinto-o como tal, nele me demoro e nele habito. Ele habita-me. O monolinguismo no qual respiro é mesmo para mim o elemento. Não um elemento natural, não a transparência do éter, mas um meio absoluto. (...) Este solipsismo inexaurível, sou eu antes de mim. Para sempre.
Ora jamais esta língua, a única que assim estou votado a falar, enquanto falar me for possível, e em vida e na morte, jamais esta língua única, estás a ver, virá a ser minha. Nunca na verdade o foi.
Percebes assim a origem dos meus sofrimentos, uma vez que esta língua os atravessa de parte a parte, é o lugar das minhas paixões, dos meus desejos, das minhas preces, a vocação das minhas esperanças..."