Num mundo curvo, é impossível determinar o que há além da linha do horizonte. Essa é a imagem criada por David M. Smick para ilustrar a economia global contemporânea e apresentar uma fascinante análise da construção do sistema financeiro atual, revelando aos leitores todos os segredos e conchavos negociados nas salas de bancos centrais, empresas multinacionais e em gabinetes de ministros e presidentes.
Smick explica, em um texto envolvente e divertido, por que a crise imobiliária norte-americana pode ser apenas a ponta do iceberg da instabilidade financeira pela qual estamos passando. Essencial para todos os que querem entender os meandros da globalização e se precaver das consequências de negociações escusas no âmbito da economia mundial. Lançado no “pico” da crise mundial, "O Mundo é Curvo" (Best Seller), livro do estrategista financeiro norte-americano David M. Smick, tornou-se uma espécie de obra complementar ao “clássico” sobre globalização "O Mundo é Plano", de Thomas Friedman, colunista do “The New York Times” e vencedor do Prêmio Pulitzer.
Friedman argumentava que a globalização desafiou os conceitos de tempo e espaço antes estabelecidos, facilitando a contato entre pólos produtivos e de consumo localizados em cantos distantes do planeta. Além de ser um fenômeno econômico, a globalização facilitou que o tempo de “viagem” da informação fosse reduzido. Em outras palavras, o mundo ficou mais plano. Apesar de reconhecer aspectos benéficos da globalização, como a redução da pobreza, Smick questiona a transparência da economia internacional. Ele defendeu que a crise financeira mostrou que, mesmo em uma economia globalizada, nem tudo o que se vê (ou se fala) reflete realmente a realidade. A informação pode estar disponível, mas o caminho para que ela chegue às pessoas muitas vezes é curvo. Dentro deste conceito, o estrategista vê com preocupação a economia chinesa e arrisca dizer que o país pode ser a próxima “bolha” a estourar na economia mundial. "A China exporta 42% do PIB. Uma boa parte do comércio chinês está ligada ao consumo americano. Como a China pode substituir para a perda de seu mercado de exportações na forma de uma sociedade de consumo?”, questiona o autor. Quanto aos bancos, ele diz que uma regulação mais forte não necessariamente eliminará riscos. “Há, nos EUA, um sistema de forte regulação dos bancos, começando pelo Federal Reserve. A questão é: pode um funcionário público pensar tão rápido quanto um mago de Wall Street e seu advogado?”, diz Smick. “Os magos de Wall Street vão sempre encontrar uma brecha para fazer o que querem."