A ficção científica — um dos géneros literários mais fecundos do momento que passa — está muito longe do divertimento fantasioso, da brincadeira inconsequente da mistificação poética: pretende através de histórias
imaginárias (onde se acentuam, apenas, os traços do retrato que somos), levar a cabo uma crítica impiedosa da sociedade contemporânea e interrogar-se sobre o futuro do homem. Assim acontece em «O Planeta dos Macacos», extraordinário romance de Pierre
Boule, já adaptado ao cinema com assinalável êxito: através de uma história ocorrida por volta do ano 2500, analisam-se, objectivamente, muitos aspectos do nosso tempo,
com humor, mas, também, com desassombro. Talvez a intenção do autor,
parafraseando a personagem principal do livro, resida em denunciar o perigo
que representa o progresso não controlado. Mas quem sabe se a meta não
foi, antes, a de tentar evadir-se para outro campo, provando que em toda a
parte há poetas e farsantes? A resposta encontra-se na vida da prodigiosa
Betelgeuse, com todo o seu complexo estelar, que gira em redor das eternas
ambições humanas ...
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