Dentre os textos que são tidos como "imortais", este livrinha ocupa um lugar à parte, acredito que único. Nada impede que seja repelido como um "ensaio mau" inspirado por um espírito de cinismo ou de escândalo. Nada obriga a ver nele um dos textos maiores da literatura política. O que é impossível, tanto hoje quanto no primeiro dia, é largá-lo antes de tê-lo lido até o fim, é pô-lo de lado com indiferença.
O príncipe não conservou sua juventude - muitas obras mereciam esse elogio banal -, O príncipe conservou o poder de fascínio. Sei disso, mas não estou certo de saber por quê. Ocorreu-me uma primeira resposta. O príncipe e um livro cuja aparente clareza deslumbra e cujo mistério os eruditos e os simples leitores tentam em vão esclarecer. O que queria dizer Maquiavel? A quem queria dar aulas, aos reis ou aos povos? De que lado ele se colocava? Do lado dos tiranos ou do lado dos republicanos? Ou de nenhum dos dois?
Filosofia / Política