O que pode um analista no hospital?

"Reconciliar a prática da psicanálise com o espaço do hospital parece ser a tarefa maior deste livro. Curiosa reconciliação se pensarmos que é no hospital que ela aparece na tradição clínica francesa representada por Charcot na Salpetrière , mas também por Freud no hospital Geral de Viena e igualmente por Lacan em Saint Anne... O que teria acontecido para que seja preciso um livro como o de Lívia Moretto para nos afirmar a pertinência e incidência da Psicanálise no Hospital? A argumentação de Lívia é clara: psicanálise, ...como no início, com suas vicissitudes, limitações e inquietações... É nesse espaço formado pela ética, pelo saber e pelo poder que Lívia estabelece as bordas de uma experiência... É realmente impressionante como ao estabelecer clara e distintamente as premissas da ação do analista, ao retomar ponto a ponto os princípios do método e os fundamentos éticos da psicanálise o presente texto ultrapassa questões clássicas na área... Com elegância e ponderação vemos surgir uma posição para a Psicanálise que não é nem a da concorrência à medicina e nem propriamente de submissão. O que se acompanha surgir é a força da clínica... Primeiro através de uma exposição teoricamente rigorosa e extremamente acessível do desenrolar do tratamento. Segundo por um reexame desta trajetória considerando minuciosamente as condições particulares do hospital e da ordem médica... Terceiro pela apresentação de doze casos clínicos... Na mais pura tradição freudiana vemos reaparecer os conselhos aos jovens psicanalistas diante do desafio da clínica. Os resultados como conseqüência e não como objetivo... Não se vê a marcha triunfal de um saber em exercício retilíneo, nem a retórica do sucesso... O tom predominante é o de perspectivismo, de investigação criativa, de hesitação refletida; uma verdadeira aula clínica." Christian Dunker.