Em Alcobaça, Portugal, século XIV, um livro é encomendado a um monge copista pelo rei D. Pedro I para ser dado de presente à Inês de Castro. Ao mesmo tempo, uma freira pede ao mesmo copista um outro livro. Só podendo confeccionar um manuscrito, o monge resolve abandonar Alcobaça e leva seus escritos. Ao bibliotecário-mor resta pedir ao menestrel D. Tadeu Laras, homem sábio e conhecedor das coisas do mundo, que acompanhe D. Alberto para recuperarem o livro e também o copista. A partir daí, seguem-se aventuras, amores, lugares mágicos, bruxas... Todo o universo medieval se desenrola na narrativa dO Romance do Horto até que... bem, isto agora é com o leitor, se o livro encomendado resolver contar o que se passa com ele...
Assim é a literatura medieval recriada pela narrativa metaficcional de António Corvo, uma construção de textos e intertextos a que estão inevitavelmente destinados os leitores que se aventurarem pela labiríntica leitura deste livro. O Romance do Horto é um quebra-cabeças literário que não deve ser montado, ou melhor, não pode ser completado, e nisso está sua beleza. Ou, nas palavras do próprio D. Tadeu Laras:
"O Romance do Horto é um livro que, contrariando o fato de estar pronto e acabado em suas mãos, leitor, não existe, pode assegurá-los eu autor, ou autores... Abri-lo no início não significará ler sua primeira página, assim como terminá-lo não significará ter chegado a seu fim. Este é um livro ainda por ser escrito, apesar de conter, em sua narrativa, referências a outras obras que sobre ele falam".