Originalmente, este estudo foi realizado junto ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Faculdade de Comunicação da UFBA. Anos depois, estimulada por amigos e diversos leitores, o trabalho foi retomado, atualizado e, finalmente, compartilhado através desta publicação.
O Sarcasmo das Coisas: Um estudo sobre recepção, publicidade e grupos “precarizados” tem como principal objetivo analisar de que modo famílias socialmente precarizadas (residentes na periferia de Salvador, que possuem renda de até 2,5 salários mínimos e baixo nível de escolaridade) assimilam, interpretam, enfim, “negociam” o discurso publicitário veiculado na televisão, particularmente aqueles anúncios que apresentam objetos em boa medida inacessíveis a estes segmentos. Ao mesmo tempo em que exibe tais coisas, a vitrine doméstica confronta o mundo dos objetos, o discurso publicitário, com um outro universo, vivenciado por estes sujeitos, marcado por privações de toda ordem. Este paradoxo é uma das características mais marcantes de uma sociedade capitalista como a brasileira, na qual, por um lado, desenvolram-se estratégias de comunicação extremamente sofisticadas para reforçar o consumo, por outro, continua mantendo a maioria da população alijada das benesses do processo de industrialização.
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