Este livro de teoria e crítica literária traz uma série de argumentos desde as primeiras linhas. Argumentos podem correr o risco de obscurecer, sem lograr garantir, o efeito estético que pretendem justificar; a doutrina reiterada a cada passo estará sujeita à contestação, se o ponto de vista de quem lê for diverso do exposto. É notável a paixão medular com que o autor persegue seu alvo, através da arte da tradução e da crítica, nos mais diferentes textos, da Bíblia ou da poesia chinesa, à poesia contemporânea ou a um teatro de nenhures. Os textos traduzidos, com sua variedade, dão testemunho do vasto percurso e da complexidade do trabalho. Para ele, a tarefa do tradutor consistia em reconfigurar na língua de chegada, pela transposição hiperliteral, sem perder o mínimo traço significativo, a forma significante do original. Haroldo, inspirando-se na experiência de Ezra Pound e no saber linguístico de Roman Jakobson, procura pôr em prática essa proposta.