Alcibíades quis subordinar Sócrates ao objeto de seu desejo, dele, Alcibíades, que é agalma, o bom objeto. Como não reconhecermos, nós analistas, o que está em questão? Isso é dito claramente: é o bom objeto que Sócrates tem no ventre. Sócrates, ali, não é mais que um invólucro daquilo que é o objeto do desejo.
É mesmo para marcar que ele não passa desse invólucro que Alcibíades quis manifestar que Sócrates é, em relação a ele, servo do desejo, que Sócrates lhe está assujeitado pelo desejo. O desejo de Sócrates, ainda que o conhecesse, ele quis vê-lo manifestar-se em seu sinal, para saber que o outro, objeto, agalma, estava à sua mercê.
Ora, é justamente o ter fracassado nessa tentativa que, para Alcibíades, o cobre de vergonha. [...] É que, diante de todos, é desvelado em seu traço o segredo mais chocante, a última mola do desejo, que sempre obriga, no amor, a dissimulá-lo um pouco: seu objetivo é a queda do Outro, A, em outro, a.
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