O Senhor dos Quebra-nozes

"O Senhor dos Quebra-Nozes" começa em 1914, nos dias que antecedem o que logo se transforma em uma grande guerra. Quando se alista, o pai de Johnny acredita que voltará a tempo de passar o Natal perto da família. Enquanto espera, o menino brinca com seu exército de soldados quebra-nozes e lê as muitas cartas que recebe do pai. A correspondência trocada entre os dois retrata a realidade de um tempo cruel e sofrido. Quando os jogos inocentes do menino passam a profetizar as verdadeiras batalhas travadas pelo exército inglês, ele começa a acreditar que possui poderes sobre aqueles pequeninos homens de madeira, um dom que, acima de tudo, lhe dará o controle do destino do pai, da vida de todos os soldados e do próprio resultado do grande conflito.

A narrativa é riquíssima. Os detalhes, tão reais e reunidos com tanta habilidade, que qualquer leitor consegue ter uma excelente idéia do que pessoas comuns sentiram e fizeram em um tempo que deixou tantos corações e corpos machucados em ambos os lados do Canal da Mancha.

A delicada escolha de palavras e situações conduz o protagonista em uma jornada de perda da inocência, que por sua vez passa a costurar outra história, a das imensas distâncias que os efeitos dos grandes confrontos podem alcançar. "O Senhor dos Quebra-Nozes" não tem, segundo seu autor, "a intenção de ser uma lição sobre a guerra, mas me agradaria se fizesse com que as pessoas pensassem a respeito de suas conseqüências".