" (...) Ao fazer uso de uma linguagem que prima pela ausência de pudores, a escritora dramatiza uma reversão de valores frequentemente atribuída ao mundo moderno globalizado: o sexo transborda, “perversões” abundam, e a sentimentalidade do amor se mostra obscena. Décadas atrás, Roland Barthes, em um dos verbetes dos Fragmentos de um discurso amoroso, definiu-o como obsceno, como um discurso de extrema solidão, cortado dos mecanismos de poder e menosprezado pelas linguagens existentes. No mundo moderno, não é o langor da carne que deveria ser ocultado, mas o patético do sentimento amoroso. No entanto, esse discurso ainda continua sendo falado “por milhares de sujeitos” (...)"
Antonio Laranjeira
Doutor em Letras e professor de Teoria da Literatura na Universidade Federal da Bahia.