Minha gente, muitas vezes, quando se depara com algo assustador, incômodo, ou que de alguma forma a perturba, costuma olhar para o outro lado. Uma atitude bem humana. Não daquelas engrandecedoras ou de que possamos nos orgulhar mais adiante. Quase sempre, pelo contrário, ela nos enche de vergonha ou culpa, mas seguimos em frente. Aos poucos, tal gesto torna-se natural, uma defesa conveniente contra os males que afligem os outros, e até nos ofendemos quando alguém nos obriga a olhar. A fome, a violência e a miséria talvez sejam algumas das piores coisas que muita gente prefere não ver.
Penso, então, em Martin Luther King, que dizia entre outras tantas coisas: "A injustiça em qualquer lugar é a injustiça em todo lugar" (ou algo bem parecido). E acho que está na hora de pararmos de olhar para o outro lado e, por mais estranho que possa parecer, começarmos a olhar para o outro lado. Não, não. Não para esse lado que você está olhando até hoje, mas para este aqui, dentro das páginas deste livro: feio, injusto, até violento, mas perfeitamente mutável. Olhe, e a mudança, muito provavelmente, já esteja encontrando seu começo.