Os Amanhãs

Os Amanhãs Hafid Aggoune


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Os Amanhãs





Narrado em primeira pessoa por Pierre Argan, um homem de 76 anos que se reencontra consigo mesmo após um hiato de meio século numa instituição para doentes mentais. Após viver uma tragédia pessoal dentro da tragédia coletiva que foi a Segunda Guerra, Pierre Argan volta as costas ao mundo ("a palavra abandonou-me") e passa os dias sentado num banco, à espera de um trem que não existe e de uma mulher desaparecida, observando um pintor trabalhar, com as mãos nuas, em quadros igualmente inexistentes. Pierre, como esse pintor, procura aquilo que não é possível ver. Mas é justamente nesse invisível que se encontra "a união do efêmero com a eternidade". Os amanhãs é a narrativa dessa reconciliação de Pierre Argan consigo mesmo. "Eu reatava com o amanhã e com o acaso. (...) Todas as idades e todos os rostos de minha vida inundaram-me numa vaga vertiginosa. Reencontrei a infância dispersa em mim, o ente feito de silêncio que cada um carrega consigo." Devolvendo a si mesmo esse olhar que revolve amorosamente o mundo "a partir do lado de dentro" Argan renasce em sua velhice, através da escrita de um livro - o texto que o leitor tem nas mãos: "Não sei o que escrevo. Não sei o que é escrever este livro. A escrita me dá forma na convulsão de sua gestação horizontal. Ela apaga o medo de si. Ela atravessa meu sangue." Os amanhãs ilustra o olhar que o jovem escritor Hafid Aggoune, uma das mais gratas surpresas da prosa francesa contemporânea, oferece à atividade da escrita (e à própria existência): um olhar marcado pela curiosidade, pela redescoberta daquilo que a banalização já desbotou (daquilo que "espera ser renomeado") e, sobretudo, por uma intensa generosidade. Ver as coisas "a partir do lado de dentro" é uma atitude no mínimo generosa, se não positivamente ousada, em tempos da primazia dos exteriores e das superfícies. Este texto breve e pungente, que agora chega às mãos do leitor brasileiro, caracteriza-se por uma prosa bem cuidada, lavrada em imagens sutis, a revelar um apreço incomum pela matéria-prima de todo escritor - a palavra. O poder de salvação da palavra aparece tematizado no próprio livro.

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Resenhas para Os Amanhãs (1)

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As raízes do passado estão no amanhã
on 18/1/13


1942, Pierre vê seu primeiro amor ser levado pelos nazistas e ela não voltará. Sua última visão é de seu calcanhar no estribo do carro. Ele deixa de existir. Durante 59 anos permanecerá calado, sem conseguir gritar sua dor, sua raiva, seu medo, sem conseguir dizer sobre isto. Viverá na espera, na espera da volta de Margot. 2001 - 11 de Setembro, com a morte de outro interno no asilo onde se encontra, ele volta, retorna à vida, e perceberá que é a morte que nos faz viver. Um belíssimo ... leia mais

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Silvana (@delivroemlivro)
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22/10/2009 22:02:13

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