Dois narradores transmitem - com linguagem que parodia os jargões de modalidades esportivas como futebol, boxe e automobilismo - cenas corriqueiras que se passam na praça de uma grande cidade: um pai que ensina ao filho como fotografar com uma câmera analógica, um casal que discute na calçada, uma garota que conta quanto tempo cada pessoa demora para desfazer o sorriso depois que se despede de um conhecido etc. Dois arqueólogos do futuro avaliam com rigor científico e frieza vestígios de uma estranha civilização: a nossa.
Em Os arqueólogos, Vinicius Calderoni detém-se na grandeza do ínfimo: dependendo do valor que se atribui a cada gesto cotidiano, o ordinário converte-se em extraordinário. O autor da Trilogia Placas Tectônicas - formada por Arrã, Não nem nada e Chorume - publicada pela Editora Cobogó, costura pequenos detalhes mundanos para construir algo próximo de uma "arqueologia íntima" ou "historiografia dos bolsos da calça", para traçar um painel do nosso tempo. Depois do Prêmio Shell de melhor autor por Arrã, Os Arqueólogos rendeu a Vinicius o Prêmio APCA na mesma categoria. O espetáculo também marcou sua estreia como ator no teatro.
Ensaios / Ficção / Literatura Brasileira