1925: a revolução chinesa desenvolve-se. Garine e Borodine, obcecados pela Ásia e pelo seu destino, acabam por pôr em prática uma parte da obra que os antigos imperadores só haviam sonhado. As suas energias defrontam-se, reforçam-se, conseguem enfim galvanizar uma massa amorfa, quebrar o domínio antigo da Europa. Rodeados de espiões, capazes de utilizar simultaneamente o terror e a argúcia, eles modelam, sem piedade e sem escrúpulos, a argila de que se faz a revolução.
Também foi um grande conhecedor da China do início do século, antes de 1949: desse ponto de vista, apresentou-me uma China desconhecida, onde o marxismo-leninismo começava a tomar cada vez mais o poder mas ainda não o detinha e onde os fuzilamentos se sucediam (e o desprezo pela vida humana era cada vez maior). Por outro lado, fiquei um pouco entediada com as suas reflexões “filosóficas” sobre a morte, o ser e o destino (Malraux põe todo o peso possível nesta palavra).
Também não gostei da ideia de “bom colonizador”, uma espécie de homem espiritual europeu (nestes dois romances convertido ao comunismo e/ou à ideia de poder) que duvido que existisse no inicio do século XX (mais propriamente anos 20-30, onde se situam temporariamente os romances), muito menos hoje. Por fim, André Malraux apresenta no posfácio de Os Conquistadores uma teoria sobre a decadência da Europa que eu não compartilho. Para ele, caberia a China a herança da cultura europeia decadente.
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