Os Fidalgos da Casa Mourisca

Os Fidalgos da Casa Mourisca Júlio Diniz


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Os Fidalgos da Casa Mourisca





No centro de uma laboriosa aldeia minhota eleva-se um casarão imponente mas em que os sinais de abandono são difíceis de esconder. Chama-lhe o povo a Casa Mourisca, e é o solar dos Negrões de Vilar de Corvos. Derrotado pela revolução liberal e pelos desgostos pessoais, o velho D. Luís não consegue evitar a amargura de ver da sua janela a herdade de Tomé da Póvoa, seu antigo criado de lavoura, crescer e fazer sombra à sua. Para aumentar a sua angústia, quando Berta, a bela filha de Tomé, regressa de Lisboa, onde estudou, os filhos do fidalgo não conseguem deixar de olhar com interesse a jovem de condição inferior...
Os Fidalgos da Casa Mourisca é um dos três romances de ambiente rural de Júlio Dinis — as suas Crónicas da Aldeia — e partilha com As Pupilas do Senhor Reitor e a Morgadinha dos Canaviais a observação realista e as convicções liberais do autor.
No caso dos Fidalgos da Casa Mourisca, a ideologia burguesa e liberal é evidente na estrutura da intriga, que desenvolve uma luta vitoriosa do trabalho contra a ociosidade e os privilégios de nascimento. No combate de Jorge, o filho mais velho de D. Luís, para salvar a sua casa ancestral da ruína com a ajuda de Tomé da Póvoa, surgem observações que ainda hoje nos proporcionam um quadro interessante e vívido da época: a nova instituição do crédito predial, que oferece capital a juros razoáveis aos que querem investir na lavoura, a nova burguesia rural, empreendedora e informada, e o caminho que se abre a homens como o antigo criado da Casa Mourisca quando a liberdade política introduzida com o liberalismo e o fim dos morgadios começa a libertar terras antes imobilizadas e estéreis por falta de interesse dos proprietários. O esforço nem sempre bem sucedido do novo regedor para se impor aos antigos senhores, que só formalmente perderam o poder, oferece outro aspeto de um Portugal arcaico que observamos com interesse.
De resto, a vivacidade, o otimismo e as intrigas amorosas suportam um livro que resiste bem à militância política do autor nos ideais burgueses do Portugal do século XIX, de tal modo que continua, como os outros romances do autor, a ter um público persistente não escolar em todos os países de língua portuguesa.

Joaquim Guilherme Gomes Coelho, que escreveu sobretudo com o pseudónimo de Júlio Dinis, era filho de um cirurgião de Ovar, José Joaquim Gomes Coelho, e de uma senhora de ascendência inglesa e irlandesa, Ana Constança Potter Pereira Gomes Coelho. Tal como a mãe e várias outras pessoas da sua família, Joaquim Guilherme Gomes Coelho veio a morrer precocemente de tuberculose. A doença obrigou-o a interromper a carreira de cirurgião e de professor da Escola Médico-Cirúrgica do Porto. Morreu em 1871 com 31 anos.
A edição que aqui apresentamos tem ortografia atualizada pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 2009. Foram corrigidos erros de concordância do original publicado em vida do autor e a pontuação foi modernizada, de forma que o livro de Júlio Dinis possa ser lido com todo o conforto de uma edição moderna.

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Uma obra quase perfeita - até a metade
on 16/8/09


Até o capítulo XXII, por aí, é uma obra-prima de sutileza: Diniz me fez lembrar de Jane Austen com a sua contenção de sentimentos nos diálogos. Depois contudo a qualidade vai caindo e ele se torna grandiloqüente, excessivo, copioso, melodramático... Estragando todo o efeito anterior! Nem parece o mesmo escritor do começo do romance. Mesmo assim, merece as quatro estrelas porque sua primeira parte é magistral. O autor tem outro livro com qualidade muito próxima deste: "A Morgadinha dos... leia mais

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Cesar
cadastrou em:
15/05/2016 13:24:06

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