A autora procurou compreender a rebeldia como engrenagem de mudança social acionada contra os abusos do poder, ao estudar a história da vida de uma rebelde exemplar: Maria Lacerda de Moura.
Essa rebeldia exprimiu-se na desmitificação de dogmas autoritários, transmitidos na esfera da família através da mulher e da criança, e na opção pela suprema resistência e pela não-violência, na linha de Tolstoi e Gandhi (1928-45). A crença na educação como meio de transformar a sociedade aliou Maria Lacerda a anarquistas, como já a aliara a projetos nacionalistas e associações feministas. O anticlericalismo aproximou-a dos intelectuais de esquerda, como também seu pioneirismo na luta pacifista e antifascista (1928-35).
Todo um conjunto de condições históricas e ideológicas de uma parte despossuída e negligenciada da população - fundamentalmente as mulheres de classe média de parcos recursos, à procura de caminhos de sobrevivência e de explicações lógicas ou ocultas para a sua integração, ou para a superação de suas condições de vida - termina se revelando através da vida e da obra de Maria Lacerda de Moura.
Ao tentar construir um universo fraternal e igualitário, de indivíduos conscientes e sem hierarquias em Guararema, SP, Maria Lacerda retomou o germe propulsor das comunidades utópicas e foi precursora dos movimentos ecológicos atuais.
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