O demônio dos desejos caminha solto pela terra. Sua influência sobre as almas humanas nunca foi maior e, depois de tantos séculos naquele mundo, ele sabe do bom, do pior, do pior ainda, e adora a faceta nojenta que se esgueira pelas faces sorridentes espalhadas por aí.
Então, vislumbrando a noite, sentado em um dos vergalhões que construía a ponte do Brooklyn, seu caminho foi cruzado por um desejo ardente de recomeçar.
Helina Groover era a dona do desejo, mas ela já estava à meio milésimo de atingir o espelho de água quando o fez. Àquela altura, o gélido rio se tornava um chão sólido de concreto que estilhaçou cada um de seus ossos e transformou todo o anseio em escuridão completa e total.
Dentro do silêncio daquela estranha quarta-feira, Noradath tirou o cadáver da água.
Frio, botou os olhos sob a figura lôbrega, pensando que talvez não fosse má ideia usá-la um pouco.
Talvez não fosse uma péssima ideia usá-la um pouco.
Mas ele não conhecia Helina Groover... Nem os seus motivos...
Suspense e Mistério / Terror