O que você não sabe sobre minhas cartas é que para cada história de amor que imagino, há um final. Não existem felizes para sempre ou amores infinitos e sorrisos que permanecem. Meus pais tinham o amor verdadeiro, mas acabou; por isso gosto de estar preparada, e até existe um tom de poesia no fim. É mais poético quando pensamos que a vida é assim, ela orquestra coisas, e nós aprendemos mais com finais do que começos.
Sei que não é certo pensar que amores só acabam, mas em vez de ver o amor e o calor e os beijos apaixonados, vejo as lágrimas e as mãos soando e o estômago sendo engolido. Fui resultado de um amor ruim, então é tudo o que eu posso ter, como uma premonição.
Portanto, minhas cartas são uma despedida para alguém que nunca esteve em meu coração. Vejo o carteiro sorrir ou o colega mais quieto da sala me cumprimentar e tudo se forma; mas mesmo que o começo seja lindo, para cada amor, imagino um ponto final, um momento em que os caminhos se separam. É inevitável. E no final, mesmo que eu nunca ame alguém, vou ter vivido tantos amores quanto posso contar, e para cada um haverá um fim como uma poesia triste.
Cada um vai me ensinar mais como a vida é imprevisível. Amor é imprevisível, sempre é.
Então, que não haja o primeiro olhar ou o primeiro toque ou amor entre nós. Porque ele ia acabar de qualquer jeito.
Com amor,
Lola
Infantojuvenil / Jovem adulto / Romance