Rubem Braga dizia que a crônica é o “imprudente ofício de viver em voz alta”. E, para nossa sorte, Claudia Tajes não se deixa cercear pela prudência ao dividir conosco suas mazelas, tão iguais às minhas, às suas.
A crônica reveste nosso cotidiano tão chato com um olhar poético. Ela enfeita as paisagens da cidade, cansadas de serem vistas sempre iguais nos trajetos do dia a dia. A crônica coloca óleo nos nossos pequenos percalços que dão grandes dissabores e ainda reaviva a capacidade de surpresa que perdemos com a infância. O humor empresta um segundo sentido ao que parecia não ter nenhum. Vista com graça, nossa vida sai sorrindo das situações mais difíceis, em vez de cabisbaixa, ruminante.
Um cronista bem humorado, como é o caso da Cláudia, abre uma fresta para a felicidade possível na vida real. Calma, não estou dizendo que lendo seus textos vamos ficar ricos, bonitos, bem amados, criativos e todas essas coisas que achamos que deveríamos ser. Que nada! Somos, como ela, de carne, osso e neurose. Daí provém a nossa graça possível. Ela nos faz sorrir ao espelho e, como dizia o mestre Braga, tem a capacidade de “despertar melodias esquecidas na alma” de todos nós. Como psicanalista, a invejo!
Diana Corso
Crônicas