Pawana

Pawana J.M.G Le Clézio


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Inspirado em uma lenda “verdadeira” sobre um lugar encantado onde as baleias-cinzentas vão parir seus filhotes, Le Clézio faz neste livro um comovente depoimento da caça a estes animais e da agressão à natureza por meio de um relato de viagem.



A primeira parte da história se passa em 1856, quando a América assistia à colonização da costa da Califórnia. O capitão do navio Léonore, Charles Melville Scammon, movido pela curiosidade e espírito aventureiro, parte com sua tripulação em busca desta enseada desconhecida, do paraíso escondido entre as rochas do litoral.



Duas vozes narrativas alternam-se para recontar a jornada: John, de Nantucket – cenário de Herman Melville para o clássico Moby Dick –, grumete da embarcação, na época com dezoito anos, e o próprio capitão Scammon. Pois eles descobrem o esconderijo das baleias – o “Eldorado” desses mamíferos – e, após contemplação petrificada, começa o extermínio. O texto ágil e pungente de Le Clézio nos transporta para dentro dos baleeiros, de onde presenciamos as belas descrições da Lua sobre a laguna, e do doloroso relato do sangue tingindo a água:



Por uma fração de segundo ela ficou imóvel, depois tombou num monte de espuma e ficou boiando, meio de lado, e vimos o sangue que tingia a laguna, que avermelhava o vapor das suas narinas. [...] No mesmo instante, o sangue jorrou pelas narinas, num jato que subiu alto no céu, de um vermelho muito claro, e caiu como chuva sobre nossas cabeças e no mar.



O resquício de uma antiga colonização, a indígena, está presente desde o título. “Awaité pawana” é a expressão bradada pelo índio nativo quando lança sua arma contra as baleias. E é a índia Araceli, escrava de marinheiros, que desperta a paixão do jovem John.



As impactantes ilustrações de Guazzelli imortalizam o paraíso como ele foi um dia. A sequência de imagens do começo da edição, feitas de linhas entrelaçadas em caneta nanquim, funcionam como um prefácio ilustrado, apresentando a história. Imensas ossadas de baleias, embarcações monumentais e armamentos também ambientam o final do livro.



Na quarta capa, o escritor Daniel Galera sintetiza a relevância da obra: “Mais do que uma narrativa de aventura, J.M.G. Le Clézio constrói a partir deste episódio um relato sobre a profanação irreversível da natureza. O texto tem um sabor apocalíptico mas também melancólico, embalado pela nostalgia de um mundo idílico e pelo amor do homem por sua presa”.

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on 25/3/20


Que livro curto e triste! Caçadores de baleias encontram um santuário intocado, berçário de baleias de todas as espécies. A baia de águas azuis e límpidas infestadas de baleias-mães e bebês viram um largo lago vermelho rodeado de carcaças. O livro divide-se em relatos lembranças do velho Melville, comandante da embarcação que descobriu a baia berçário e do grumete John de Nantucket, então um adolescente.... leia mais

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Lia
cadastrou em:
18/10/2009 23:05:12

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