Perpetuum Mobile é a expressão latina para “movimento contínuo”. Um dos velhos sonhos da engenharia é criar uma máquina que crie mais energia do que gasta, que não tenha desperdício energético, e que se manteria eternamente em movimento graças a sua própria capacidade de reabastecimento. Por violar leis da mecânica e da termodinâmica, a ideia de perpetuum mobile é considerada impossível pelos cientistas. Martín é um personagem em busca de uma maneira melhor de contar sua história, em busca de um emprego melhor, em busca de uma vida melhor. Mas o que acontece com nossos sonhos e objetivos no fim do mundo? O movimento contínuo é de Martín, nunca aceitando parar naquilo que o desgasta, naquilo que o desagrada. Ele vai pagar por suas decisões de largar empregos, de não se permitir se apaixonar pelas mulheres com que vive. Ele não sabe o que quer, mas claramente sabe o que não quer. Isso o levará a deixar a fictícia cidade de San Juarez para cruzar um deserto de carro com amigos. A narrativa de Diego Sanchez se constrói com páginas ousadas e um traço simples e de pouco volume. O ritmo da história é ditado colocando-se e tirando os quadros, usando-se o branco da página. É como se o silêncio e o vazio falassem e, de fato, o fazem. Desse modo, Sanchez consegue representar os espaços que a leitura de cada leitor tem enquanto lê a trama; desse modo, as sutilezas se mostram. Um tanto beatnik, um tanto futuro apocalíptico, um tanto metalinguagem: são essas as fontes de energia que fazem que Perpetuum Mobile siga em movimento contínuo. O livro pode ser fechado ao chegar ao final, mas ele continua vivo e se mexendo em seu leitor.
HQ, comics, mangá