A redação dos ensaios reunidos em Perseguição e a Arte de Escrever data de um dos períodos considerados mais produtivos e decisivos da carreira intelectual de seu autor. No ensaio introdutório, Strauss trata da relação entre filosofia e política e chama a atenção para a importância do contexto em que determinadas obras foram escritas a fim de se chegar a uma compreensão efetiva do que elas dizem. No segundo ensaio, cujo título dá nome a este volume, apresenta-se a distinção entre escrito esotérico e exotérico, bem como a necessidade de um tipo peculiar de leitor, capaz de encontrar as verdades cruciais do texto nas entrelinhas. É com base nesta distinção que Strauss elabora o procedimento de leitura que será empregado nos ensaios posteriores, dedicados à obra de Moisés Maimônides, Judah Halevi e Baruch de Spinoza.
Muitos dos temas recorrentes na obra de Leo Strauss se mostram neste volume: a expressão filosófica em contextos de perseguição política; o problema teológico-político; a tensão entre revelação, filosofia e moral; o ceticismo perante a autossuficiência da razão e a maneira pré-moderna de filosofar, entre outros. Estudiosos encontrarão nesta obra uma maneira perspicaz de aproximar-se de textos filosóficos pré-modernos.
"A perseguição dá origem a uma técnica de escrita peculiar e, com ela, também a um tipo de literatura peculiar, na qual a verdade sobre todas as coisas cruciais é apresentada exclusivamente nas entrelinhas. Essa literatura possui todas as vantagens da comunicação privada sem padecer, porém, de sua grande desvantagem, isto é, do fato de só alcançar os conhecidos do autor. possui também todas as vantagens da comunicação pública sem ter a maior das desvantagens: a pena de morte imposta ao autor."
Filosofia