Quando Maus, de Art Spiegelrnan, recebeu o primeiro Prêmio Pulitzer dado a uma obra de quadrinhos, em 1992, ficou evidente que alguma coisa tinha mudado com o gênero. Não era apenas um reconhecimento oficial; Maus provava que um tema espinhoso e polêmico como o Holocausto pode ser tratado sem abrir mão de sensibilidade, densidade narrativa e até mesmo humor. Os quadrinhos se afirmavam como uma das linguagens rnais vivas para retratar o mundo contemporâneo -um mundo em que os "super-heróis" são gente comum, que vive diretamente os acontecimentos históricos. Orgulhosa em ser comparada a Spiegelman, a iraniana Marjane Satrapi fez de sua própria vida a matéria-prima para uma série de quatro livros que contam a revolução islâmica no Irã desde 1979, quando uma revolta popular derrubou o xá Rezah Palehvi, até os anos 90, quando ela começou a escrever Persépolis. Esse misto de autobiografia e relato político-histórico, escrito em francês, tem uma carga impressionante de ironia e emoção que fez de Marjane Satrapi uma autora conhecida em todo o mundo. Este segundo volume da série narra a vida de Marjane desde o início da guerra Irã-Iraque, no começo da década de 80, quando tinha pouco mais de dez anos, até o momento em que, revoltada com a violência extrema que a rodeava e sob risco devida, a menina é enviada pelos pais para o exílio na Áustria, aos catorze anos.
História