A queda da ideia de desenvolvimento se tornou óbvia na Agenda 2030 da ONU para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Foi-se o tempo em que o desenvolvimento significava uma “promessa”. Naquela época, falava-se em jovens nações ambiciosas que avançavam pelos caminhos do progresso. De fato, o discurso do desenvolvimento sustentava uma promessa histórica monumental: no fim, todas as sociedades venceriam o abismo que separa ricos e pobres, e partilhariam os frutos da civilização industrial. Essa era foi enterrada junto com o progresso, pois o que restou foi a luta diária pela sobrevivência. Embora as políticas de combate à pobreza tenham sido bem-sucedidas em alguns países, foram construídas à custa de desigualdades ainda mais profundas em outros lugares e cobraram o alto preço dos danos ambientais irreversíveis. […]
A meu ver, este dicionário do pós-desenvolvimento está diretamente enraizado na narrativa da solidariedade. Os verbetes elucidam vários caminhos para a transformação social, que colocam a empatia por seres humanos e não humanos em primeiro lugar; são visões que se posicionam firmemente contra o nacionalismo xenofóbico e o globalismo tecnocrático. É profundamente encorajador perceber que a teoria e a prática da solidariedade, como testemunhamos na diversidade geográfica desses autores, parecem ter alcançado todos os cantos do planeta.
Sociologia