Definido pelo próprio autor como “uma experiência poética única”, Poema sujo (Editora José Olympio) surgiu no exílio. Na Buenos Aires de 1975, Gullar viveu meses devotado e consumido pelo desejo de registrar no papel lembranças, imagens, fragmentos de um passado, como se fizesse uma “viagem” onírica, mas profundamente realista, marcada por dor e prazer.
Poema sujo nasceu num momento difícil da história do país e em circunstâncias dramáticas da vida de Ferreira Gullar, um dos maiores poetas brasileiros, então no exílio. Em 2006, este longo poema completa trinta anos de publicação. Por sua força e pelo que representa para todos nós, esteve cada vez mais presente e se tornou o mais conhecido e estudado poema de Gullar. Confirmando sua universalidade, ainda ganhou traduções em Cuba, Colômbia, França, Espanha, Alemanha, Suécia e Estados Unidos.
Hoje, três décadas depois, o leitor vai saciar-se novamente com os versos “sujos”, mas absolutamente purificados de qualquer sentimento de censura. Sem maquiagem.
Com máculas, mas sem maquiagem. Versos, reversos de um autor esfomeado pela busca da expressão. Ferreira Gullar “mergulhou” em sua viagem de liberdade interior em pleno exílio e só dessa forma – deliberada, voraz – conseguiu criar um marco na poesia brasileira. Um verdadeiro manifesto que transcende o tempo, os limites, e surpreende e emociona a cada nova leitura.
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