“Um bardo contemporâneo frente ao mais intangível e perceptível dos sentidos: o Amor.
Do alto de seus vinte e poucos anos, o dublê de fotógrafo e poeta Vitor Miranda desenvolve sua obra em meio a solidão em grupo das redes sociais, dos smartphones e dos aplicativos de encontros que, em certa medida, acentuam o desencontro.
Natural para um jovem depositar o sentido de amor em Eros ao escrever. Afinal é da vivência da conquista, da perda e da saudade do ser desejado que se forja um poeta.
No entanto, a essência de seu dizer ultrapassa o mero erotismo. Está sim naquilo que o precede: o olhar, os lábios. Ou no que o sucede: o contentamento, a lágrima. Afinal, parafraseando Inácio de Loyola Brandão, não é da boca que vem o beijo.
Associá-lo apenas a Eros seria uma generalização. O fotógrafo Vitor é Ágape. Que sua lente revela ao buscar os contrastes na capital camaronesa Yaoundé ou em seus belos cliques da população de rua de São Paulo.
Na estética, traz em sua escrita, reflexos da tradição da prosa poética sem rimas de Wally Salomão e Leminski com a lâmina afiada e a coragem de seus inspiradores. Um “nude” contundente e sem receios, enviado de forma aparentemente despretenciosa.
Poemas deixados na portaria, ou na fugaz timeline de uma rede social, que reunidos para sempre em seu livro.”
Rodrigo Accioly
Poemas, poesias